VIVER SEGUNDO A NOSSA CONSCIÊNCIA

Aceitaria Deus no Seu Reino, alguma pessoa que decidisse viver segundo a sua consciência, mesmo sendo sincera, boa e honesta? A maioria dos que se consideram cristãos pensam que as boas obras não têm influência na salvação eterna. Pensam, que o facto de confessarem o nome de Cristo, lhes é suficiente para serem salvos. Mas se um certo valor moral é suficiente para isso, porque razão o apóstolo Pedro afirmou, a respeito de Jesus: «E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há dado entre os homens, pelo qual devemos ser salvos» (Act. 4:12). Se é verdade que o simples facto de acreditar que Jesus Cristo é nosso salvador, que dizer então, das palavras do apóstolo Paulo, quando nos encoraja dizendo: «Operai, (ou trabalhai), a vossa salvação com temor e tremor» (Fil. 2:12). Se as boas obras são o suficiente, porque disse Jesus: «O tempo está cumprido e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no Evangelho» (Mar. 1:15). Se é suficiente acreditar em Deus, que significam as palavras do apóstolo Tiago ao dizer: «Tu crês que há um Deus fazes bem. Também os demónios o crêem e estremecem» (Tiago 2:19).

Examinando a fé: Sabemos que a maior parte dos cristãos têm muita dificuldade em ter uma fé profunda. Apesar de todos os esforços, não têm a fé viva, essa confiança total em Deus e por vezes sentem-se desencorajados e desiludidos. Leiamos a definição que Paulo dá: «Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se não vêm» (Heb. 11:1). A fé é assim uma confiança total, é uma convicção absoluta do que se espera, quando ainda não se vê, mas que se tem a certeza de que acontecerá, é a firme certeza, de que a Palavra de Deus é a verdade e que Deus é fiel em todas as suas promessas. A fé necessária para a nossa salvação permite-nos compreender as Escrituras e mostra-nos que elas são verdadeiras, certíssimas e fiáveis e ainda, que Jesus Cristo é o Messias, que pagou por nós a culpa dos nossos pecados. Mas como obter essa fé? Paulo disse: «De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus» (Rom. 10:17). A fé é o resultado do conhecimento das Escrituras, não é uma coisa que o homem pode desenvolver por si próprio, por intermédio dos seus pensamentos ou por meditação. A fé é um dom vindo de Deus, é uma das qualidades do Espírito (Gál. 5:22). Foi por esta razão que Paulo não hesitou em escrever: «Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim» (Gál. 2:20). No dia de Pentecostes, a multidão perguntou a Pedro o que deviam fazer e Pedro respondeu: «Arrependei-vos e cada um de vós seja baptizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados e recebereis o dom do Espírito Santo» (Act. 2:38). Estas são as condições para recebermos a salvação. Arrepender-se é reconhecer diante de Deus que se pecou, transgredindo a Sua lei, é indispensável mudar de vida, procurando viver desviando-se do pecado. Depois recebemos o baptismo, seguido do Espírito Santo, pela imposição das mãos em conformidade com os exemplos que temos em Actos 5:32, 8:14 a 17, 9:10 a 17, 19:1 a 7 e II Timóteo 1:6.

Que dizer sobre a graça? A graça é um assunto muito importante e sério. A graça é um favor, um perdão não merecido. Quando um prisioneiro é julgado, é condenado de seguida fica preso, mas um perdão ou uma graça pode ser-lhe oferecida e neste caso, o condenado vê a sua condenação anulada, o que lhe permite obter a liberdade e poder integrar-se na sociedade. Paulo escreveu: «O salário do pecado é a morte», trata-se aqui da morte eterna. E Paulo continua: «Mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus Nosso Senhor» (Rom. 6:23). Nunca devemos esquecer o que o apóstolo João escreveu: «Qualquer que comete pecado, também comete iniquidade, porque o pecado é iniquidade» (em certas traduções o pecado é a transgressão da lei), (I João 3:4). Este versículo dá-nos a entender, que se uma pessoa peca, ela cai debaixo da maldição da lei e assim fica sujeito à pena de morte eterna, mas se essa pessoa aceita o sacrifício de Cristo, se ela se arrepende sinceramente e decide viver no caminho certo, segundo a boa maneira de viver, que nos é explicada pelas Sagradas Escrituras, nesse caso irá beneficiar da «graça», do perdão de Deus e os seus pecados serão perdoados. Mas um criminoso que foi condenado, depois perdoado, poderá continuar a cometer crimes? É claro que a resposta é NÃO! É precisamente o que acontece com o pecador. O perdão dos seus pecados não autoriza que continue a viver no pecado ou transgressão da lei. Vejamos o que afirma o apóstolo Paulo sobre este assunto, mas não se esqueçam de substituir a palavra «pecado» pela sua definição Bíblica, que é a transgressão da lei. Com efeito, a Bíblia afirma que o «pecado» é a transgressão da lei (I João 3:4). «Que diremos pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde? De modo nenhum. Nós que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?» (Rom. 6:1,2). Mais adiante acrescenta: «Pois quê? Pecaremos porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum» (Rom. 6:15). O que quer dizer: que a graça que nos foi oferecida nos permite continuar a transgredir a lei? Claro que não, porque nesse caso voltaríamos a ficar debaixo da maldição da morte eterna (Rom. 6:23), que é a maldição da lei (Gál. 3:13), pois essa maldição reclama a morte. Vemos claramente, como Paulo explica, que não podemos voltar à nossa vida de pecado. O verdadeiro cristão deve seguir as instruções Bíblicas, submeter-se a Deus e depois receber o Espírito Santo, essa força que Deus dá aqueles que lhe obedecem (Act. 5:32). Também é verdade, que essa pessoa continua com a sua liberdade e pode a qualquer momento desviar-se de Deus e do seu caminho, é por isso que Pedro diz: «Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça do que, conhecendo-o desviarem-se do Santo Mandamento que lhes fora dado». Se estudardes a Bíblia, compreendereis que a graça é condicional é concedida quando se arrepende dos pecados. Nós beneficiamos da graça divina durante todo o tempo em que permanecemos fieis a Deus, observando os seus mandamentos, seguindo o exemplo que Cristo nos deixou. Mesmo quando tropeçamos, é possível implorar a Deus o seu perdão e obtê-lo.

Então qual é a relação entre a graça e as obras? O apóstolo Tiago escreveu: «Mas ó homem vão, queres tu saber que a fé sem as obras é morta? Porventura o nosso pai Abraão não foi justificado pelas obras, quando ofereceu sobre o altar o seu filho Isaac? Vedes então, que o homem é justificado pelas obras e não somente pela fé». Deus prometeu a Isaac de o acompanhar e abençoar por causa das obras do seu pai Abraão. Quais foram então essas obras? A narração continua, dizendo: «Porquanto Abraão obedeceu à minha voz e guardou o meu mandado, os meus preceitos, os meus estatutos e as minhas leis» (Gén. 26:5). Paulo ainda afirmou: «Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus». «Não vem das obras...» (Ef. 2:8). Chamamos a vossa atenção para o facto de, a maior parte dos que ensinam a fé sem as obras terminam aqui, neste versículo. Mas a Bíblia continua: «...para que ninguém se glorie» (Ef. 2:9). E ainda acrescenta: «Porque somos FEITURA SUA, criados em Cristo Jesus, PARA as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas» (Ef. 2:10). Examinai esta passagem e compreendereis, que a salvação do homem é somente pela graça divina, por um perdão não merecido, mas é salvo pela fé de Jesus Cristo. As obras não dão a salvação a ninguém e esta não é a recompensa de uma vida cheia de boas obras. A salvação é um dom de Deus, mas temos de ter cuidado, pois é um dom condicional. Voltamos a repetir as condições impostas por Deus: o arrependimento, o baptismo, e a recepção do Espírito Santo.

Então para que serve a lei? A lei divina é uma lei de amor. Ela permite-nos poder manifestar o amor para com Deus e para com o nosso próximo. Ela é santa e justa, boa e espiritual (Rom. 7-12,14). Alguns afirmam que a fé anula a lei! O que diz a Bíblia? Leiamos as afirmações de Paulo: «Anulamos pois a lei pela fé? De maneira nenhuma, antes estabelecemos a lei» (Rom. 3:31). João diz que, o que não observa os mandamentos e diz ser cristão é mentiroso (I João 2:3,4). Como é possível, que alguns versículos bíblicos pareçam condenar as obras da lei? Compreendamos bem o que Paulo afirma: «Ó insensatos Gálatas (os Gálatas, mesmo sendo novos convertidos, voltavam de novo aos seus antigos costumes pagãos.), quem vos fascinou para não obedecerdes à verdade...? Recebestes o Espírito pelas obras da lei, ou pela pregação da fé? Tendo começado pelo Espírito acabais agora pela carne?» (Gál. 3:1 a 3). Ao longo de toda a sua carta, Paulo censura os que se desviaram da verdade, pensando que podiam receber a salvação pelas obras da lei. Então, quais são essas obras da lei? Nesta passagem, Paulo não se refere à lei que é resumida nos dez mandamentos. Não, os Gálatas, sentiam-se obrigados a observar uma outra lei. Paulo disse: «Logo para que é a lei? Foi ordenada por causa das transgressões, até que viesse a posteridade, a quem a promessa tinha sido feita; e foi posta pelos anjos na mão de um medianeiro» (Gál. 3:19). Como acabamos de ver, foi por causa das transgressões que uma outra lei foi imposta. Certamente compreendeis, que para que uma lei seja transgredida, esta tem de existir. Esta outra lei, que foi dada mais tarde, foi a lei dos sacrifícios, que servia de aio ou instrutor, ela instruía o povo, conduzindo-o para o sacrifício supremo e último, feito por Jesus Cristo. Esses sacrifícios consistiam em diversas oblações, sacrifícios de animais, etc. Para uma melhor compreensão, leia os livros Levítico e Números.

Mas uma vez que Cristo substituiu esses sacrifícios na sua morte, já não nos encontramos mais debaixo dessa lei ou aio, (Gál. 3:24,25). Esses rituais e sacrifícios eram uma prefiguração do sacrifício de Jesus Cristo. Era esta a lei, que só tinha valor até ao sacrifício Supremo de Jesus Cristo, filho de Deus, a «posteridade». Ela tinha sido dada até ao tempo da reformação ou correcção, até à morte do nosso Salvador. É por esta razão, que hoje, ela não tem valor algum, foi esta a lei que Deus aboliu (Heb. 9:9,10). Esperamos que agora compreendeis, que não é suficiente viver uma vida em conformidade com as leis morais, vivendo segundo a vossa consciência, para receber a salvação. Não cometeis o erro de acreditar em tal coisa, não vos deixeis enganar.